Para meus alunos e futuros jornalistas, uma complementação das explicações dadas no primeiro dia de aula sobre a importância da disciplina de Técnicas Gráficas e Visuais na sua rotina de trabalho.
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Jornalismo e jornalistas precisam abraçar o design
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Já foi mencionada outras vezes a importância sumária na ação do
jornalista em adquirir novas habilidades que até muito recentemente eram
colocadas como não pertencentes ao nosso leque de atuação ou, em alguns
casos, consideradas até mesmo inapropriadas para um profissional de
jornalismo. Disciplinas como marketing, programação, empreendedorismo e
design começaram a ser tarefas corriqueiras no dia-a-dia de quem
trabalha com informação jornalística ou até com a mera produção de
conteúdo para a web.
Em pouco mais de 400 anos, os jornais não tiveram mudanças drásticas
em relação à forma pela qual são consumidos ou manuseados. Papel jornal e
tinta preta são as estruturas bases de um impresso. Muitos apontam a
inserção das cores no jornalismo impresso como mero atrativo para
conquistar leitores mais jovens ou despertar em leitores não habituais a
curiosidade de folhear um jornal a cores. Porém, mesmo com a
colorização do jornalismo, não mudamos a forma como ele é consumido ou
manuseado.
Com as recentes crises envolvendo todo o setor das empresas de mídia,
um dos focos principais para apaziguar os hematomas imputados pela
queda brusca na circulação dos impressos foi recorrer à elaboração de
novos modelos de negócios mais inovadores e consistentes com o contexto
contemporâneo. Porém, a estética informacional acabou sendo esquecida
por muitos veículos, onde a procura ainda se limitava em como vender um
amontoado de conteúdo empacotado todas as manhã e entregue diariamente
às bancas e aos assinantes.
Gênero híbrido
A estética informacional é a capacidade de reunir jornalismo e design
sob uma mesma ótica: a da produção da notícia. Nos dias de hoje em
muitos dos casos não basta apenas elaborar longos e profundos artigos de
cinco ou dez mil caracteres e entrega-los à redação. É preciso
transformar esse conteúdo em algo mais palatável do que meras palavras
empacotadas e despachadas aos leitores. Vale destacar que a importância
da qualidade do conteúdo produzido é o carro chefe do jornalismo, mas a
capacidade de transformar uma notícia em algo mais visual é necessário
em um mundo consolidado pela colossal fonte de notícias disponíveis; ter
diferencial deveria ser o nosso objetivo.
Nesse ponto, o design de notícia é a área responsável não só pela
diagramação da informação em uma revista ou jornal (esse talvez o pilar
básico da estética informacional), mas é o responsável também pela
capacidade de transformar um conteúdo jornalístico em infográficos,
ilustrações e, de quebra, é o setor que tem a faculdade de oferecer um
olhar macro sobre o todo e adaptar, readaptar ou até mesmo modificar um
projeto editorial, seja ele impresso ou digital.
Aliás, as modificações causadas pelo jornalismo digital na formulação
e distribuição das notícias têm feito que um gênero híbrido de
jornalista apareça. No cenário de bits e bytes elaborar uma notícia faz
com que o profissional leve em consideração aspectos de SEO (search engine optimization)
para posicionar seu conteúdo de maneira mais visível nos mecanismos de
buscas, como o Google, além de ter em mente fatores que envolvem desde a
programação até a usabilidade, o que faz com que o jornalista tenha
conhecimentos tanto de códigos como de design.
Profissional capacitado
O design aplicado como ferramenta do jornalismo impresso faz com que o
profissional da imprensa visualize a notícia no veículo antes mesmo de
ela ser publicada. Aliás, faz com que o jornalista procure aperfeiçoar a
maneira como contará aquelas “histórias” de forma visual, com o intuito
de torná-las mais facilmente consumidas pelos leitores. Já no caso do
jornalismo digital, os novos dispositivos móveis, comosmartphones e tablets,
têm obrigado o jornalista a repensar como a notícia será consumida, e
sem que isso comprometa a qualidade da experiência do usuário, já que
esse consumo pode se dar nos mais variados players. Nesse ponto, a aplicação da engenharia reversa na imprensa se torna essencial.
Para o jornalista, professor e doutorando em comunicação Marco
Bonito, jornalismo e design andam de mãos dadas. “O primeiro trata do
conteúdo e o segundo da estética das formas que abrigam, justamente, os
conteúdos. Muitos dos formados em comunicação têm o talento artístico
necessário para ser designer, porém, sem o estudo necessário, chegam a
no máximo ótimos diagramadores.”
O professor alerta que para conquistar conhecimentos em design é
necessário um estudo específico, como um curso universitário, e enfatiza
a importância do profissional estar devidamente capacitado para o
mercado atual. “Claro que os conhecimentos básicos são importantes para
aqueles jornalistas que desejam trabalhar com edição eletrônica de
qualquer meio de comunicação, mas para ser designer é necessária uma
especialidade”, afirma.
Densa e visualmente agradável
“Hoje temos a arquitetura da informação, uma nova área de atuação que
requer conhecimentos em produção de conteúdo, linguagens de programação
e design. Não é um espaço para ‘aventureiros’, pois há muito
conhecimento e prática envolvidos no dia-a-dia desses raríssimos
profissionais que são disputados à tapa pelo mercado”, completa o
professor.
A importância de o jornalista atual conquistar conhecimentos de
design é justificada na medida em que uma notícia não é mais só uma
notícia. Ela deve ter, acima de tudo, conteúdo de qualidade, mas deve
oferecer novos elementos para atrair o leitor, conquistá-lo e, desse
modo, oferecer a ele uma experiência mais agradável do que o mesmo havia
se acostumado. O empacotamento de conteúdo de antes agora se tornou
algo infográfico, gráfico, colorido, visual, sem contar que em tablets e smartphones o
consumo da notícia se dá de uma maneira mais gestual, com toques e
movimentos que nunca existiram no jornalismo. Esse ponto por si só já
justificaria o jornalista a aprender design e entender como sua notícia
será “usada”.
Para o jornalista português e editor do Escola Freelancer Luciano
Larrossa, “com a necessidade de o jornalismo ficar mais próximo das
redes sociais (não só no consumo de informação, mas principalmente como
distribuidor de informação) o design, principalmente o digital, acaba
por ter uma relevância muito grande. Essa aproximação acontece porque a
imagem acaba tendo um poder muito forte na partilha da informação e
convêm que o jornalista tenha alguma noção dos bons princípios do
design”.
Com isso, é possível observar que no contexto contemporâneo onde o
jornalismo atual está submerso, tão importante quanto conteúdo de
qualidade e bons curadores, é fundamental que o jornalismo – e os
jornalistas – tenha a faculdade de produzir informação precisa,
analítica e, acima de tudo, dentro dos moldes do consumo informacional
existentes atualmente, onde a notícia deve ser densa no quesito robustez
qualitativa, mas deve contar com aspectos que a tornem visualmente
agradável de ser consumida por um público que apresenta novos hábitos e
costumes, um público composto por exigência, mobilidade e gestos.
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